Diário do Grande ABC - Cultura - 18/05/2002 EDITOR: Everaldo Fioravante
Cultura
Catedral Sé após restauração de Sarasá
Everaldo Fioravante Do Diário do Grande ABC
A cada dia que passa a equipe do Ateliê Artístico Sarasá, fundado em 1955 em São Bernardo e que também possui uma unidade em São Paulo, descobre mais novidades e curiosidades no que diz respeito aos vitrais da tradicional Catedral da Sé, na capital paulista. O clã Sarasá é o responsável pelo restauro destas peças.
Entre as descobertas, por exemplo, figura um vitral que estava abandonado na igreja e que nunca ocupou o local a ele destinado: o portal da entrada principal da catedral. Hoje a peça está em São Bernardo, onde recebe os devidos cuidados dos Sarasá.
“Esse vitral europeu foi encontrado desmontado no porão da igreja. Devia estar lá desde os anos 50 e é inédito, pois nunca foi visto publicamente”, afirmou Arnaldo Sarasá ao Diário, que acompanhou a equipe do ateliê em um dia de trabalho.
O ateliê já realizou cerca de 70% do restauro dos conjuntos vitrais, que são cerca de 60 ao todo, de origens nacional e européia, de diferentes formatos e assinados por vários artistas. “A igreja tem em torno de 700 m² de vitrais instalados. Há ainda outros cerca de 500 m² de área envidraçada que poderia receber vitrais”, disse Arnaldo.
A restauração é uma tarefa árdua e os Sarasá a realizam em etapas. Os vitrais são retirados aos poucos, trazidos a São Bernardo, restaurados, montados em novas estruturas de chumbo e novamente instalados na igreja. “Quando há partes quebradas, preparamos outras para reposição. Para descobrirmos a cor dessas peças analisamos os cacos que restam no suporte de chumbo”, afirmou Arnaldo.
Os Sarasá, além de restaurar, preocuparam-se com o futuro das peças. Por isso, sobre as faces dos vitrais que ficam do lado externo da igreja, eles instalaram vidros transparentes como proteção. “Embora tenha função de vidraça, o vitral possui a característica artística. No caso das peças da Sé, são patrimônios culturais e não devem ser expostos ao tempo, porque assim durariam bem menos”, disse Arnaldo.
A utilização do vidro, por outro lado, prejudica a visualização dos vitrais para quem os aprecia de fora da igreja, pois provoca reflexos. Uma iluminação adequada para os vitrais, de dentro para fora da catedral, no período noturno, tornaria a construção ainda mais espetacular do que já é.
Essa idéia não entrou no projeto de restauro e recuperação da Catedral, tocado pela empresa Concrejato, a contratante dos Sarasá. A restauração completa da igreja deve ser concluída em setembro (leia mais ao lado).
“Os vitrais só terão a iluminação de interior da catedral, que é indireta. Tínhamos a idéia de instalar refletores, para que eles fossem perfeitamente visíveis à noite para quem os vê do lado de fora. Porém, o uso dos refletores interferiria no espaço interno, gerando reflexos nada agradáveis”, afirmou o arquiteto Paulo Bastos, responsável pelo projeto de restauro da catedral.
Segundo Arnaldo, depois da reinstalação dos vitrais, a principal preocupação para que eles durem o máximo possível é o binômio limpeza-prevenção.

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