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O Batismo de Jesus (à esquerda) retrata João Batista abençoando o filho de Deus. Transfiguração (à direita) retrata o momento em que os apóstolos Pedro, João e Tiago despertam e veem a transformação de Jesus. Ao seu lado, Moisés e Elias, representando as leis e a profecia |
A PUC-Rio foi presenteada com mais duas obras de Portinari. Além do mosaico da tela Jesus entre os doutores, instalado na entrada da Igreja do Sagrado Coração de Jesus em novembro do ano passado, João Candido, filho do pintor brasileiro e diretor do Projeto Portinari, doou mais duas obras de arte para instalação na Igreja da Universidade. Ele e o padre Pedro Magalhães Guimarães Ferreira, presidente da Fundação Padre Leonel Franca, desde o primeiro momento à frente do projeto e da construção da igreja, escolheram as telas que serviram de inspiração para a produção dos dois vitrais.
“O quadro A Última Ceia seria o mais apropriado, mas contém erros históricos e por isso foi descartado. Então optamos pela Transfiguração, que é o resultado de que eu mais gostei, e a tela que já estava escolhida, O Batismo de Jesus”, explica padre Pedro. Para Maurício Oliveira, engenheiro da PUC, a Igreja é diferente de qualquer outra que ele já viu:
– Quando coordenei a construção da Igreja, o projeto de arquitetura já havia reservado o espaço para os dois vitrais. Finalmente estão prontos e o resultado ficou excelente, eles deram uma cara diferente para a Igreja. A intenção é melhorar com um novo projeto de iluminação, tanto para o mosaico, como para os vitrais, orgulha-se Oliveira.
As telas originais estão na Igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais, São Paulo. O trabalho realizado pelo Atelier Artístico Sarasá foi iniciado em 2008 e instalado durante as férias escolares, em apenas um mês, de 12 de janeiro a 13 de fevereiro. Segundo Noélia Coutinho, pesquisadora do Projeto Portinari, o trabalho menos minucioso dos vitrais possibilitou a rapidez na instalação do mosaico.
“Fiquei muito satisfeita ao coordenar um trabalho como esse. É maravilhoso poder divulgar a transformação da arte em uma outra linguagem, numa releitura”, explicou Noélia. O arquiteto Arnaldo Sarasá chefiou a equipe de cinco assistentes de seu atelier. Luiz Renato Rico, Marco Antônio da Silva, Maicon Pinho Costa, André e Cláudio Antônio da Silva trabalharam diariamente na instalação dos dois vitrais.
– Os prospectos do projeto foram desenvolvidos durante um ano por toda equipe do atelier. Optamos por utilizar a matéria-prima norte-americana pela proximidade da cor dos vidros com a cor utilizada nas telas originais. Nós nunca conseguiríamos traduzir o que Portinari fez, por isso ainda utilizamos uma técnica diferente da tradicional – pintar sobre o vidro – e fizemos uma reimpressão fotográfica. É um vitral tecnicamente, mas é uma forma digital da pintura, através da fotografia do original, no vidro, explica Sarasá.
Para João Candido, o resultado dos vitrais com essa nova técnica é muito melhor do que o projeto tradicional. “As janelas, que após a instalação do mosaico ficaram sem expressão, conseguiram chamar a atenção sem brigar com a nova arte. Nosso medo era de que as obras não harmonizassem, mas o resultado está muito bom”, acredita João.
Edição 212