
Se você é uma pessoa observadora, não precisou dessas fotos aí em cima para perceber que o trabalho desenvolvido pelo espanhol Sarasá nas últimas semanas no colégio não se limitou à restauração da imagem do Sagrado Coração de Jesus. A cúpula da torre da capela, que havia sido pintada na década de 80, retornou à sua aparência original, com as peças de cobre devidamente envernizadas. A cruz também foi retirada e restaurada.
Dentro da capela, inaugurada em novembro de 1939, mais um trabalho de fôlego. Todos os vitrais foram desmontados e retirados durante o mês de julho para a troca do chumbo que dá sustentação às estruturas. O cuidado no manuseio das peças, segundo Sarasá, foi total. “Esses vitrais foram feitos na França pelo mesmo artista que construiu os da Catedral da Sé.”
A restauração da pintura interna da capela, iniciada em 2001, também foi levada adiante durante as férias de julho. O trabalho está sendo realizado por Júlio Moraes, que também já atuou na Catedral da Sé e no Teatro Municipal. Segundo o diretor administrativo, Paulo Ferraz, a restauração deve estar completa em dezembro ou janeiro do ano que vem. “Só está faltando a parte do teto que cobre o coro”, afirma.
Júlio disse que está resgatando a aparência original da capela, mas sem deixá-la com cara de “zero quilômetro”. “É uma ´senhora’ que merece respeito, não vamos fazer uma plástica senão vai ficar com a cara toda repuxada”, brincou o restaurador, que dispensa o tratamento de artista. “O meu trabalho é recuperar o que já está feito”, afirma. “Se eu começar a fazer arte, estarei passando por cima de quem criou a obra.”
Restaurar sem interferir - O cuidado para não violar as características originais foi redobrado no momento de restaurar as pinturas artísticas do presbitério e da nave da capela. A tinta que estava gasta foi consolidada e as partes que se perderam com o tempo tiveram de ser reconstituídas. “Fizemos isso em trechos pequenos, em que tínhamos condições de deduzir o que estava faltando”, explicou Júlio Moraes. A equipe do restaurador também desmontou e limpou todos os elementos metálicos das paredes. As peças de bronze receberam tratamento de proteção contra a oxidação.
Tanto Júlio quanto Sarasá não poupam elogios à capela do Arqui. “Ela tem projetos de arquitetura e decoração muito coerentes, o que resulta numa harmonia perfeita com o restante do prédio”, afirma Júlio. “É uma construção que expressa muito bem a época em que foi erguida”, completa. Para Sarasá, “além de lindíssima e ricamente pintada, a capela tem uma altura perfeita e uma excelente circulação de ar”.


Trabalho minucioso de restauração / Retirada da cruz foi acompanhada de perto |